quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Discurso de formatura do ensino médio da Escola Reverendo Omar Daibert (2013)

"Todo encontro é  também despedida". (Milton Nascimento)
Se é  verdade que toda despedida é difícil, fazer um discurso para ela é mais ainda!
Horas pensando no que falar e escrever... Se fosse apenas uma despedida, eu diria "Foi muito bom estar com vocês, obrigado e tchau!" (afinal seriam palavras de despedida, não é mesmo?), até que seriam, mas elas não se encaixam aqui nesta noite. Certamente, alguns pediriam mais formalidade, então eu começaria assim "Caríssimos companheiros de sala, foi uma honra compartilhar durante a vossa presença no ensino médio...", mas daí,  soaria falso, artificial, sem naturalidade...
Sendo assim, pensei em sintetizar numa palavra os sentimentos aqui guardados, a saber: GRATIDÃO! Aos pais aqui presentes e àqueles que não puderam estar aqui hoje, aos alunos formandos e aos que tentaram chegar aqui, aos colegas professores, aos  funcionários atenciosos desde muito tempo com todos , aos diretores desta escola, às coordenadoras aqui presentes, especialmente, para professora Lúcia  (pedra tão fundamental que nos ensina a cada dia como tudo deve ser...).
Faltam palavras neste discurso para dizer o quanto vocês  representam para nós  professores e vice-versa, creio eu! Então, começo por lembrar da 5ª série, com as histórias  de terror, contadas com os ouvidos atentos (alguns com medo até!), das travessuras de alguns com cestos de lixo voando nas cabeças, das inesquecíveis "brigas" ocorridas durante esse tempo, dos namoros que ficaram e dos que começaram.
Das vezes que nós rimos muito, mas também  choramos por algo que não está em nossas mãos, as perdas ocorridas pelo caminho, dos amigos, dos colegas de classe que desistiram, dos familiares que não puderam estar aqui presentes ao vivo, dos momentos em que alguns tentaram nos desanimar,dizendo que não éramos capazes de chegar lá, mas chegamos, estamos aqui concluindo o Ensino Médio (e já chegamos a algum lugar!).
Lembrando também das feiras culturais de nossa escola, dos passeios ao SESC, ao Playcenter (nem existe mais!) e de tantas outras coisas boas como as amizades desde o primeiro momento na escola e que, certamente, continuarão depois. Quantas coisas  vivemos juntos, não é mesmo?
Procurei  também  pensar numa metáfora para este momento (já que sou professor de Literatura e Língua Portuguesa) e achei: TREM. Nós, professores, somos a plataforma e vocês  são os vagões que passam por nós todos, durante esses anos, ainda como diz a letra da canção : "o trem que chega é o mesmo trem da partida", e eu pergunto: será mesmo? Será que o passageiro da  5ª B é o mesmo do 3º B ? Quanto à locomotiva? Bem, esta é o aprendizado durante todos esses sete anos de viagem, de ambas as partes, nós professores aprendendo mais do que os alunos.
Sobre a pergunta, penso que não, pois é  uma etapa que se encerra, e junto dela inicia-se uma nova...
Sei que não tivemos tudo aprendido nesses anos, mas teremos muitos desafios pela frente! E de uma coisa tenho certeza: a vida de adulto não é nada fácil! Mesmo assim, tenho a convicção de que vocês  estarão preparados para tal. Alguns entrarão na universidade que tanto desejam, outros querem apenas  diploma para manter seu emprego na empresa, uns já são  empreendedores, outros seguirão para o caminho do lar...cada um com seus objetivos, e repeitamos as suas escolhas.
Os desejos que ficam são os melhores possíveis...Que todos consigam o que realmente desejam, que ninguém se acomode e não  desista dos seus sonhos...
Agora, lembro-me do meu tempo de Ensino Médio, das minhas reuniões  com os amigos para conversar, brincar, rir, chorar. Essas lembranças ficam em nossa mente e ninguém  as leva. Assim, termino esse breve discurso tendo as melhores memórias  dos tempos maravilhosos que passamos juntos, sorrisos nos lábios, lágrimas nos olhos e um futuro pela frente!
Mas o melhor mesmo é saber que temos algo que transcende a tudo isso: teremos uns aos outros.
Sendo assim, quero chamar o orador da turma do terceiro ano do Ensino Médio da Escola Reverendo Omar Daibert para entregar, simbolicamente, uma flor. Esta é a minha herança  de despedida, neste TREM que segue rumo a esse abismo e destino desconhecido chamado Futuro. Vamos atrás  de nossos sonhos!
Obrigado a todos e amo vocês.

Flavio Nunes Pageu           

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Museu de Grandes Novidades

Num mundo tecnológico, ainda somos assim...


A letra de música de um grande poeta e cantor dos anos 80 deixa bem claro que o futuro se faz "agora" porque o que é novidade hoje (atual) não é mais tão importante amanhã, ou seria, até o fim desta publicação? 
Falar sobre o uso de tecnologia é difícil, uma vez que, as novas gerações já nascem "tecnológicas". Pois bem, uma colega outro dia disse ter visto uma charge em que uma criança fala para seu avô que possui Ipad, Ipod, um tablet, um notebook e um PC ultramoderno para auxiliar nas atividades desenvolvidas em sala de aula. Essa mesma criança questiona ao avô:
_ E no seu tempo, como era estudar sem essas coisas?

A resposta do experiente avô é categórica:
_ Usávamos o cérebro para pensar, meu filho!

Daí, uma pergunta: até que ponto o uso de novas tecnologias atrapalham ou auxiliam no processo de educação de uma pessoa?
Para alguns, o uso dessas tecnologias faz parte de um processo histórico e irreversível, mas importante para que todos possam entrar nesse mundo. Hoje, há sinais de internet Wi-fi em praças, escolas, aeroportos, bares, restaurantes,cafés, comunidades etc. Sendo assim, todos, sem exceção, participam dessa "tecnocracia". Para outros, no entanto, esses objetos deixam a memória "falha", desta forma, não auxiliando em nada no processo de educação, querendo voltar ao tempo de se tomar uma tabuada ou solicitar a conjugação verbal "de cor". 
Diante do exposto, fica a pergunta: que posição tomar?
É possível dosar a execução da memória (matéria de mimese, como dizia o filósofo Aristóteles) com o uso dessas tecnologias. Hoje, por exemplo, é possível fazer uma pesquisa sobre determinada comunidade, sem sair da frente da tela de um computador. Mas, o mais importante é saber que ainda há (pre) conceitos com relação ao uso dessas tecnologias. Querendo ou não, num mundo tecnológico, ainda somos assim...


    

terça-feira, 28 de maio de 2013

"CORAÇÃO MISTURA AMORES": TAL COMO PAI, NÃO COMO FILHO

Experiência de leitura
Diante das leituras feitas na abertura deste módulo, alguns pensadores e artistas chamaram a minha atenção. Falar sobre apenas um deles seria excluir os pensamentos que se completam. Como não ter lido o texto do professor Antonio Candido sobre o direito à literatura, nos idos dos anos 2000, e não ter ficado encantado com suas ideias.
Além disso, pensadores de peso, como Marilena Chauí _ especialista em um autor medieval (Bruno)_ mas que apresenta uma clara visão sobre o ato de ler. Enfim, não devemos cometer essa atrocidade de apenas comentar um pensamento, mas vamos à discussão.     
Abro este fórum com um relato de experiência de leitura vivenciada em minha infância com o objetivo de entender sobre o mistério da Vida. Trata-se de uma narrativa oral, contada pelo meu pai, há tempos, com o objetivo de que eu tivesse a noção de que tudo na vida tem uma razão de ser e existir.
Antes, porém, dizer que está publicada em um blog, não muito utilizado por mim, mas que relação direta com o que vamos trabalhar durante esse módulo. O título da narrativa foi dado por mim, pois meu pai apenas contava a história, sem títulos!
Vamos a ela, então:
Tal como pai, não como filho
Meu pai contava a história do médico e do filho.
Certa feita, um homem muito rico, fazendeiro, tinha um filho com uma doença incurável. Na época, as pessoas não sabiam o que era. A verdade é que este homem pagava muito bem ao médico com a finalidade de que o filho melhorasse. Anos se passaram e o filho do médico crescera, adquira conhecimento e, maravilhado com a profissão do pai, resolve exercer o mesmo ofício.
Pois bem, um dia, quando o bom médico estava ausente para um congresso na capital, seu filho, entusiasmado com a Medicina, recebe um recado da casa da fazenda. O filho do rico fazendeiro adoecera muito. Daí, o filho pródigo, aquele que estudava a finco todos os procedimentos, dera um remédio que fizera com que o doente se recuperasse do torpor rapidamente. Passaram alguns dias e o pai do estudante de Medicina suspeitara de que tivesse algo de diferente ocorrido. 
Soube, então, que o filho assistira o doente enfermo da fazenda e _pasmem!_ havia curado o enfermo. O pai olhou copiosamente o filho e disse que, graças àquele doente, é que ele (o pai) conseguira sustentar a família por anos e, também, pagar a faculdade do filho.

Esta história, apesar de bem elaborada e contada por uma pessoa sem muita instrução, mostra bem o quão é difícil viver numa sociedade sem pensar no “oportunismo”. Como diriam alguns:  mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
Num mundo, em que se fala de ética, não é muito difícil encontrar alguém pensando no egoísmo, na falta de caráter, pois, com a desgraça do outro, há com o que sobreviver. Na vida real, todo momento vivenciamos situações limítrofes, seja no trabalho, no relacionamento, na família, na escola, enfim, temos, no fundo, um EGOismo imenso, que só faz com pensemos em “eu”.

Esse tipo de narrativa, a meu ver, só pode ser passado de alguém com experiência para uma outra pessoa sem experiência vivida porque apresenta um ensinamento muito forte sobre as coisas. A partir desse tipo de leitura, iniciei lendo livros simples, como por exemplo, Clarissa, de Érico Veríssimo. Aliás, anos mais tarde, tive a mesma experiência da personagem-título, morei com meus tios durante o período de doze anos, na época de faculdade, inclusive.
A leitura apresentou-se, também, pelo viés dos gibis do meu pai, os títulos “TEX”, com imagens em preto e branco, mas que mostrava o mundo do faroeste americano. Ao passar dos tempos, lia também revistas em quadrinhos como Turma da Mônica, da Xuxa, do Tio Patinhas, entre outras.
Depois, lia compulsivamente, principalmente escritores regionalistas. Claro que não podia deixar de lado a leitura dos cordeis quando ia à feira de Caruaru e de outras cidades vizinhas.
É isso! Aliás, vou deixar  esse texto em meu blog, faz tempo que não publico nada lá mesmo.
Flavio Nunes Pageu
P.S: endereço do blog